Muitos na comunidade gringa alegam que o "vintage" acaba em 1963, mas outros tantos defendem que acaba em 1979.
Em 1963 Kennedy é assassinado e sua viúva, Jackie, ícone (in)voluntário (?) da moda, se recolhe e desaparece por um tempo. Emergem os vestidos tubinho e trapézio curtíssimos, futurismo, Mary Quant, Twiggy, loja Biba em Londres, movimento hippie.....a coisa vem numa toada vertiginosa passando um rolo compressor em tudo que se conhecia como moda pré-1963 e, de repente, tem disco e glitter por todo o lado e tem Laura Ashley e seus vestidos com inspiração vitoriana e rural atravessando os 1970s....e faltam ainda tantos nomes e referências aqui! Tem muita, muita coisa acontecendo.
Eu mesma já não sei de mais nada (😂😂), mas quando olho esse macacão (um nome tão rústico para uma peça tão maravilhosa), vejo o quanto os anos 1970 foram legais com/para as mulheres.
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| Propaganda de macacão da Vanity Fair. Fotografia por Neal Barr. Fonte: Ebay |
Primeiro: a foto inteira inspira liberdade de movimento, no desafio divertido da gravidade, aquele que todas podem fazer. Ela se equilibra e ela é dona do equilíbrio.
Segundo: a estampa tem um pouco de tropical, tem um pouco do movimento hippie nas margaridas enormes, mas deixa pra trás a pegada pueril/infantil dos vestidos curtinhos dos anos 1960. Aqui a mulher vem "mulherão", o colo aberto, sem golinhas Peter Pan.
Terceiro: este misto de macacão + pantalona é uma inspiração clara daqueles usados na moda praia da década de 1930. Esconde algumas formas, mas dá balanço. Muito balanço! Só que diferentes dos anos 1930s, em 1970 o macacão vem pra rua, vem para a noite, não está restrito à praia. A mulher pode, e deve, finalmente, usar calças fora dos muros da casa, pra trabalhar no escritório, para viver. São os anos 1970.
Uma história pessoal: a primeira vez que minha mãe usou calças na rua foi em 1971-1972, aos 20 e pouquíssimos anos, em São Paulo. São Paulo já ensaiando ser metrópole, minha mãe já ex-operária das fábricas. E ela já se equilibrava sozinha.
São os anos 1970 ❤
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